Jezabel, uma falsa profetisa!
Jezabel era a esposa do Rei Acabe, que promoveu a religião cananeia em Israel (I Rs 16.29-31; 18.4,19; II Rs 9.22). Ela era uma rainha perversa. Levava o povo da Aliança a adorar ídolos, além de protestar sempre, por achar que seus deuses deveriam ter os mesmos direitos que o SENHOR, Deus de Israel. No Novo Testamento, na Igreja de Tiatira, havia uma falsa profetisa e suas características eram semelhantes às da Rainha Jezabel, esposa do Rei Acabe (Ap. 2.20-23). Tanto a Rainha Jezabel quanto a falsa profetiza não estavam dispostas ao arrependimento, pois arrepender-se é abandonar um caminho, uma postura ou uma forma de pensar e de entender algo o que, no caso daquela rainha, teria a ver com abandonar os falsos deuses e seus cultos, e passar a seguir unicamente ao Deus verdadeiro e influenciar seus súditos a se prostrarem perante ele e o adorarem.
Algumas das características que identificam uma falsa profetisa ou um falso profeta
- Alguém com “personalidade forte” que acredita ser representante direto de Deus (At 5.34-36) e que, por isso, não precisa e não pode se submeter à palavra vinda por outro profeta (At 13.4-11), em outras palavras, um falso profeta entende que ele mesmo seja o infalível intermediador entre Deus e os seres humanos (At 8.9-11);
- Por se considerar como profetisa ou profeta, tenta coagir os ouvintes a acreditarem e a reverenciarem suas palavras, mesmo que para isso tenha de falar em outras línguas, aparentemente iguais às mencionadas em At 2. Dessa forma, é comum um falso profeta ou falsa profetisa utilizar-se de manipulações da mente para enfeitiçar seus ouvintes, geralmente os conduzindo a lhe oferecer bens materiais, principalmente dinheiro, como se fosse um voto de compromisso ou de gratidão a Deus (I Rs 21.25-26; Ap 2.20);
- Evita se envolver com atividades coletivas, quando não percebe reais condições para adquirir vantagens para si mesmo(a), ou seja, em toda atividade em que se envolve, busca ser publicamente reconhecida como se fosse uma pessoa santa, piedosa, digna de honra e destaque em relação aos outros (I Tm 6.1; II Tm 3.1-5);
- Não expõe a Palavra de Deus, mas utiliza-se de chavões ou trechos bíblicos interpretados erroneamente para convencer os ouvintes a, até mesmo, praticar pecados dos mais variados tipos, desmerecendo a sabedoria e a justiça de Deus. Seus desvios começam com pequenas sutilezas, até chegar ao ponto de levar o povo de Deus a se prostituir, tanto em relação ao corpo da pessoa quanto em relação à fidelidade ao Senhor, pois Deus considera a idolatria – seja em termos de imagens de escultura seja em termos de pessoas, bens, alimentos, objetos e outros seres – como uma forma de prostituição e adultério (I Rs 21.23-25; Is 44.9-20; Jd 12, 13 e 16; Ap 2.20);
- Tem prazer de ser bajulado e, por conveniência, também gosta de bajular pessoas que têm status elevado e que tem bastantes bens materiais e recursos financeiros (Sl 12.2; II Tm 3.4-5). Essa bajulação, muitas vezes, chega ao nível extremo, quando o tal profeta ou profetisa passa a “profetizar” proferindo palavras de bênçãos para quem é seu amigo, independentemente do atual estado espiritual desta pessoa (Jr 23.21-22, 25-27, 30, 32);
- Quando percebe que pode extrair mais de seus ouvintes em benefício próprio, o falso profeta chega a “profetizar” para uma determinada pessoa ou grupo “se converter” e “se arrepender”, tentando convencê-los de que precisam sacrificar algo material para o(a) tal intermediador(a), por exemplo, em forma de dinheiro, objetos de valor, cartão de crédito (inclusive com a senha), móveis, imóveis, automóveis, e outras coisas que, evitar escândalos, não nos convém aqui falar (Mt 24.24-25), já que a maioria dos falsos profetas vivem usando o pretexto de que Deus os ordenou a “viverem da Obra” e não devendo mais trabalhar. Contrariando isso, o sábio Rei Salomão escreveu: “Vai aprender com a formiga, preguiçoso” (Pv 6.6); e também o Apóstolo Paulo disse: “Quem não trabalhar não deve comer” (II Ts 3.10-12);
- Chega ao ponto de promover uniões e separações, casamentos e divórcios, por meio de fraudulentas “revelações” e “profecias” – a estas coisas, eu as considero como “reveladuras e profetadas” – (Jr 23.32), não medindo as consequências para as pessoas e suas famílias e, principalmente, a vida espiritual destas, de tal modo que, quando começam a aparecer os problemas, as pessoas “reveladas” passam a desacreditar da Palavra de Deus como se Deus é que tivesse falado, mas na verdade, foram palavras mentirosas e enganadoras a respeito das quais o falso profeta ou a falsa profetisa deve ser responsabilizado(a), pois falsificam e fazem comércio da Palavra de Deus (II Co 2.17);
- Geralmente, a família de um falso profeta ou falsa profetisa é desestruturada, mundana e, quando tem filhos, é comum que estes sigam o exemplo da prepotência, insubmissão e irreverência de seus pais, inclusive sendo de mau-testemunho na sociedade e, principalmente, em sua própria igreja (I Tm 5.8), portanto, não obedecendo a Palavra de Deus que o Apóstolo Paulo escreveu a Timóteo em I Tm 3.4-5;
- Suas “profecias”, “revelações” e até “exorcismos”, embora citando “o nome do Senhor” (Dt 18.20-22), “em nome de Jesus” (At 19.13-17), “o Senhor me revela”, “Eis que eu te digo”, “O Espírito de Deus, que não se engana”, etc., selarão o seu destino com vergonha, descrédito, enfermidade, condenação e morte, a exemplo de que podem ser citados: 1) Balaão (Nm 31.8); 2) o falso profeta Hananias (Jr 28.15-17); o falso profeta Barjesus (At 13.8-11); Jezabel (Ap 2.21-23); o Falso Profeta do Anticristo (Ap 19.20; 20.10); e a todos os que seguirem esse tipo de vida, assim será o seu destino.
Apesar de a Igreja de Tiatira estar crescendo em amor e fé, o anjo da Igreja (o Pastor) e muitos dos crentes toleravam a Jezabel e a seus ensinos malignos. Porém, Jesus, que é o Santo de Israel e Senhor da Igreja, assim como não tolerou a Rainha Jezabel, não iria suportar essa tal falsa profetisa. Ele respondeu com pureza e justiça: “Jezabel e seus seguidores querem ir para a ‘cama de enfermidade’?” Então, o justo Juiz, defendendo a sua Igreja, irá pessoalmente providenciar uma cama na qual Jezabel possa deitar, uma “cama” de enfermidade, tribulação e morte (Ap 2.21-23).
Infelizmente, em nossos dias, apesar de a Igreja ter crescido e desenvolvido muitos dons da parte de Deus, ainda é possível encontrar figuras como Jezabel infiltradas no meio do povo de Deus. Jezabel usava trapaças, enganos, falsa santidade, prostituição e adultério, buscava autopromoção, afrontava autoridades tanto civis quanto religiosas que eram (e são) constituídas por Deus (Rm 13; Tt 3.1-2). E, assim como houve quem seguisse a ela, achando que estava servindo a Deus direito, há também hoje, em algumas igrejas, lamentavelmente. No entanto, assim como Deus livrou a Igreja de Tiatira dessa Jezabel, também livrará a sua Igreja atual.
Porém, apesar de sabermos que o nosso Senhor defende a sua Igreja e lhe dá poder para lutar e vencer, é preciso que nós, líderes e liderados, combatamos essa “praga”, ou seja, esse espírito de prostituição e corrupção, corajosamente sem temer e, de uma vez por todas, expulsando de nossas igrejas esses males. E, como disse o Apóstolo Paulo a Timóteo: “Destes, afasta-te” (I Tm 6.5).
“Que sempre alcancemos de Deus entendimento, temor e coragem para não permitir qualquer tipo de comunhão com pessoas como ‘Jezabel’, pois o bem-estar da Igreja do Senhor Jesus, que somos nós, não pode estar vulnerável a tais investidas do inimigo”.
Pr. Josafá Souza
E-mail: josafasouza@live.com